21 de Abril de 2011
Temos a mesma profissão, a mesma paixão, a mesma ética e o mesmo mau feitio. Mas acho que foi o mesmo carácter que nos aproximou e o mesmo sentido de humor que nos manteve cúmplices ao longo dos anos. Hoje dei-te a mão e fiz-te rir enquanto os químicos entravam no cateter para matar o que voltou a aparecer. Não me morras, não? Vê se te aguentas. Eu sei que já estás farta e que muitas vezes é isso que te passa pela cabeça. E que depois do que já passaste, era para já tudo ter acabado. Mas vê se te aguentas. Já te cortaram, já fizeste quimio, radio, já te disseram que estavas curada. Depois o Manuel. No pulmão. E mais quimio. E tu sempre com ele. Cheia de força. E agora isto. Mais um TAC e metástases sei lá por onde.
Não me morras, não? Vê se te aguentas. Eu vou contigo. Seguro-te a mão e faço-te rir.

30.7.11

e já passaram muitos anos...


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